Désirée Marie Dompsin
Psicóloga CRP 08/37195



Atendimentos 

Sobre a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP)

A Abordagem Centrada na Pessoa tem como objetivo potencializar o centro de referência interno, trabalhando a auto estima e autonomia da pessoa. A atitude do terapeuta é de aceitação incondicional e de congruência, o que auxilia o paciente a se entender melhor, ser verdadeiro consigo mesmo e recuperar a sua espontaneidade. 

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O perfeccionismo é a inclinação para executar tarefas com um nível de detalhamento maior do que a média das pessoas faria, ou a busca pela perfeição, por fazer “mais que bem feito”. Se não houvesse pessoas perfeccionistas no mundo, não teríamos muitas das maravilhas construídas pela humanidade. 


Porém, essa característica também pode representar a tentativa de compensação de uma falta ou um sentimento de insuficiência. Crianças que só tiveram reconhecimento dos adultos quando desempenhavam muito bem alguma função e que, ao falharem em algo tinham em troca tratamentos de silêncio ou críticas costumam ser mais propensas a se tornarem adultos mais auto exigentes. 


Para entender sobre o seu perfeccionismo é preciso perguntar: 


A psicoterapia é uma excelente maneira de olhar com cuidado para essas e tantas outras questões. 

É muito comum na clínica aparecerem demandas relacionadas à ansiedade gerada por parâmetros de qualidade muito altos, muitas vezes até irreais. 


A pessoa coloca em mente uma expectativa tão alta pelas suas entregas que começa a “travar” na hora de iniciar tarefas por medo de não ser boa o suficiente. Isso acontece porque muitas pessoas relacionam seu autovalor ao reconhecimento recebido pelo trabalho que produzem, e não é legal ter o seu valor atrelado a algo que pode variar tanto, já que podemos fazer tanto coisas muito boas como muito ruins, a depender de muitos fatores, como a experiência que temos com a questão, os acontecimentos do dia, o tempo dedicado, etc.


Para as pessoas ansiosas que têm dificuldades de começar as tarefas, o desafio está em diminuir as expectativas e buscar fazer um pouco menos até que se consiga reduzir a ansiedade e começar a tarefa, para depois ir aprimorando dentro do necessário.


Esse tipo de detalhe pode ajudar muito quem lida com ansiedade.



O Brasil é um dos países que mais sofre com ansiedade no mundo. De acordo com a OMS, cerca de 18,6 milhões de brasileiros têm um diagnóstico de transtorno de ansiedade, que se caracteriza por mais de 6 meses de experiências frequentes de preocupação e medo aumentados, com possibilidade de palpitações cardíacas, sudorese e pensamentos negativos, muitas vezes distorcidos. 


Para a psicologia humanista, a ansiedade está intimamente ligada à angústia por estarmos no mundo e termos constantemente de fazer escolhas das quais não sabemos de antemão os resultados. É difícil não saber como será o futuro (pois ninguém sabe) e ainda assim ter de se responsabilizar por escolhas.


Dias atrás eu falei de maneira muito prática sobre uma possível pista para reduzir os bloqueios que podem ser causados pela ansiedade. Hoje gostaria de propor um olhar para a ansiedade, que nada mais é do que olhar para si. Você pode começar se perguntando de que você tem medo e o que você deseja, por exemplo…


Há pessoas que ficam ansiosas por não saberem o que desejam. Outras, por terem medo de tentarem tudo que estiver ao seu alcance e não conseguirem o que procuram. Outras têm medo de conquistarem o que procuram e não saberem o que buscar depois. Outras têm medo de ficarem sozinhas ou desamparadas. Outras, de sofrerem ou de perderem o sentido no meio do caminho. Existem muitos tipos de ansiedade… 


Fazer o exercício de olhar para si para compreender as raízes da própria angústia pode abrir espaço para que as potências e desejos que estavam escondidos atrás do medo saiam ao sol.



A ideia inculcada em nós de que para merecermos algo precisamos sofrer é uma herança da moral cristã. Confunde-se facilmente aprendizado com sofrimento, esforço com sofrimento, merecimento com sofrimento.

Já tive um paciente que havia passado em um concurso depois de estudar muito, mas que não se sentia merecedor daquilo por não ter sofrido para conquistar o que tanto desejava.

Quando as pessoas sofrem, é comum que procurem retirar daquilo algum aprendizado. Finais de ano são especialmente usados para isso. E eu acho positivo procurarmos entender o que poderia ser feito de diferente, até mesmo para diminuir sofrimentos futuros. Mas sofrer não significa necessariamente aprender algo. E aprender definitivamente não é sinônimo de sofrimento.

Nosso cérebro, com milhões de anos de evolução, aprende melhor pelos mecanismos de recompensa (leia-se prazer) e não pela punição. A ideia de que precisamos nos punir para merecermos algo não funciona.

Estudo não deve ser sofrimento, trabalho (apesar da origem etimológica tripallium, pena) não deve ser sofrimento. A romantização do sofrimento como algo necessário para a evolução é uma ideia adoecedora, pois o sofrimento em excesso é, na verdade, um sinal de que algo não vai bem e de que precisa da nossa atenção.

Não precisamos sofrer, precisamos, sim, nos esforçar. Esforço é algo diferente. Ele pode envolver algum grau de sofrimento e de abdicações, mas não é só isso. Ele é movido pela recompensa e pelo desejo de vida. 

Um tema pedido para trazer para debate foi o da auto cobrança excessiva.

Todos nós temos um "eu" e um "ideal de eu". Quanto maior a diferença entre eles, maior será a nossa auto cobrança.

Nesse mundo instagramável é muito fácil se perder entre o que os outros nos permitem ver e o que é a vida real mesmo, então colocamos o nosso ideal de eu numa altura inalcançável e nos frustramos.

Como dizia a Clarice, "até cortar nossos defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta o nosso edifício inteiro". A humanidade em nós nos faz frágeis, falhos e incompletos.

Vivemos nesse mundo tão desnecessariamente competitivo e no período histórico da pós-verdade. Se não nos lembrarmos que são essas as linhas de força que nos trouxeram até esse nível de cobrança, elas nos dragam. Deixam a nossa auto estima em pedaços.

Precisaríamos, talvez com urgência, eleger quais são os defeitos que assumiremos nesse nosso edifício todo cheio de histórias, cicatrizes e força.

E se formos astutos, faremos de nossa humanidade insegura e incompleta nosso grande charme... 

O Byung Chul Han tem um jeito ácido de dizer as coisas. Gosto da crítica que ele faz à individualização da dor e ao apagamento das reflexões sociais. Muitas das dores que vemos na clínica hoje são reflexo de processos históricos e grupais. Não podemos esquecer disso.

Às vezes as pessoas sentem tanta dor emocional que precisam de analgésicos que as ajudem a viver, ao mesmo tempo em que precisam se fortalecer pra olhar pra essas dores.

Outras tantas, olhar para os motivos das dores é muito mais sensato do que anestesiá-las.

O psicólogo ajuda a fortalecer e a olhar. É um olhar em conjunto.

Cabe a cada um entender até onde suporta ver e aonde deseja ir... 

Rogers colocou a transparência como uma das condições mais relevantes para o crescimento dentro do processo terapêutico. Chamava isso de 'congruência'.

Estar congruente significa que nossas palavras e ações estão de acordo com o que sentimos e somos. Com o que acreditamos de verdade.

O criador da abordagem centrada na pessoa dizia que, para que os clientes (ele não gostava de usar a palavra 'pacientes') consigam ser congruentes com mais facilidade, é importante que os terapeutas também sejam - dentro e fora do setting terapêutico. 

Esses dias estava conversando com um amigo que se tornou pai há pouco tempo sobre suas inquietações a respeito de como educar uma menina. Dentro e também para além das questões de gênero, falamos sobre a importância da construção da autonomia desde a primeira infância.

Vygotsky, um importante construtivista, criou a teoria da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), em que falava sobre as etapas do desenvolvimento que passam pela anomia (necessidade total de suporte externo), heteronomia (necessidade de suporte em alguns momentos) e autonomia (ausência da necessidade de suporte, conseguir fazer algo por si).

Piaget, tido como o pai do construtivismo, falava sobre a maior facilidade de se construir conhecimento a partir do que cada pessoa já tem como aprendizado consolidado.

Maria Montessori também contribuiu muito para as teorias acerca da autonomia e do aprendizado colocando a crianças como protagonistas dos seus processos, dando a elas a possibilidade de ter opções a seguir dentro das regras e limites, e ensinando a engajá-las nas atividades cotidianas para produzir senso de pertencimento e importância.

O brasileiro Paulo Freire foi um dos maiores defensores da autonomia para uma vida mais plena. Escreveu vários livros de pedagogia e criou métodos de alfabetização para adultos.

Todos esses autores falam sobre a autonomia como um processo de construção. Ela começa a ser desenvolvida na primeira infância, mas continuamos a nos tornar autônomos em muitas coisas ao longo de toda a vida.

Ao aprendermos algo e conseguirmos fazer algo novo estamos também trabalhando nossa auto estima, nossa potência e segurança no mundo. Por isso, junto de outros fatores, como afeto e relações sociais de qualidade, a autonomização é um potente protetor da saúde mental...

Estamos em um contexto histórico difícil e as pesquisas têm apontado um grande desgaste da saúde mental mundial.

Penso que devemos começar a pensar mais a saúde mental por um viés de proteção e prevenção para que as pessoas adoeçam menos e para que não se precise remediar tanto... 

Uma das coisas de que mais gosto na Abordagem Centrada na Pessoa é que Carl Rogers, além de psicoterapeuta, era professor. Daqueles que entenderam perfeitamente que a função de ensinar e desenvolver contemplam dar espaço para o ser humano florir.

Tanto para ensinarmos algo a alguém, quanto para auxiliarmos nossos pacientes em alguma questão, precisamos confiar no potencial daquela pessoa que está a nossa frente. Precisamos mostrar que estamos atentos às suas necessidades, ajudar a criar um ambiente emocionalmente saudável e deixar que o outro tome frente do próprio processo.

Rogers chamava de "tendência atualizante" o potencial que toda pessoa tem de se desenvolver. É preciso acreditar na grande capacidade para crescimento que as pessoas carregam em si.

Isso me lembra, também, Maria Montessori, uma das maiores teóricas da pedagogia.

O método montessoriano ensina a desenvolver as crianças tendo como base a importância da autonomia desde os primeiros anos de vida. Dar espaço para elas explorarem o mundo ao seu redor e fazerem conexões.

Uma pessoa que se conecta e vê sentido nas coisas que faz tem maiores chances de ser emocionalmente saudável. É preciso acreditar no potencial das pessoas.

Ao longos dos últimos dois anos, tive oportunidade de dar aulas de vários assuntos. E ensinar, para mim, foi uma coisa que me fez ver o ser humano com mais entusiasmo. 

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